Entrevista com M. Shadows para Burrn! Prt. 1&2

Na edição de outubro da revista japonesa Burrn! ,tem uma entrevista com M. Shadows, onde ele fala sobre Jimmy e o trabalho do Mike Portnoy. Algumas informações já foram ditas, já que MP não está mais na banda, mas vale a pena a ler a entrevista.

Vamos à entrevista
PARTE 1:

Eu sei que vocês ainda estão sofrendo com a morte do Jimmy e nós não podemos nem dizer que “agora sabemos como vocês se sentem” porque vocês devem estar passando por um período muito difícil. Mas deixe-me agradecer vocês por terem gravado o Nightmare e vindo ao Japão.
M: Nós apreciamos seus elogios ao álbum. E amamos vir ao Japão, então é ótimo estar aqui. Estamos felizes também.

O Nightmare ficou em primeiro lugar na Billboard, onde vocês estavam quando ficaram sabendo?
M: Tinham nos dito que havia uma chance do álbum ficar em primeiro uma semana antes. A equipe da gravadora e nossa produtora tinham calculado volumes de venda e ficado bem animados, mas para nós, só lançar o álbum já era um sucesso. Claro, seria legal conseguir o número um nas tabelas. Quando eu ouvi a notícia eu estava em um programa de rádio apresentado pelo Jason Ellis, nosso empresário apareceu com uma garrafa de champanhe e o programa todo se focou em termos conseguido o primeiro lugar. Zack e eu estávamos lá, chamamos o resto da banda para comemorar. Foi legal, mas meio triste.

Como está sendo a turnê? Vocês estão na estrada com Mike Portnoy a quase três meses, o que vocês sentem tem mudado? Como você se sente em relação a estar em turnê com o Avenged Sevenfold? Acha que alguma coisa mudou?
M: A primeira vez que subimos no palco, estávamos muito nervosos e com muito medo. Foi em Montreal que tocamos com Mike pela primeira vez. Estávamos preocupados com o que nós mesmo sentiríamos em relação a escolha das músicas. Depois de um tempo conseguimos tocar como tocávamos antes, mas ainda lembramos Jimmy todas às noites e sentimos falta dele. De agora em diante nunca tocaremos da mesma forma e nunca mais poderemos mostrar o que verdadeiramente somos. Ainda assim subimos no palco todas as noites, absorvemos a energia dos fãs, nos divertimos com nossos shows. É uma sensação boa. Não é o mesmo de antes, mas ainda é divertido, então aproveitamos. É o mesmo para o Mike. Estamos fazendo o melhor que podemos.

Vocês estão usando a voz do Jimmy no pro tool e tem ele com vocês no palco.
M: Sim, isso mesmo!

A voz dele tem muita personalidade e é vital em algumas músicas. Parece que ninguém mais poderia cantar essas partes…
M: (Ri) Sim, isso está certo, ninguém pode cantar as partes dele. Ele tinha um tom bem agudo e a voz dele tinha um caráter único, sabe? Sabíamos que os fãs iriam querer ouvir a voz dele todas as noites e nós também queremos.
Então nós basicamente tivemos essa idéia de que poderíamos tocar a voz do Jimmy. Todos ficariam felizes de ouvir a voz dele, é um momento emocional. Todos que vieram pro show se animaram. Todo mundo se perguntava como nós fizemos para tocar assim e nos diziam que era incrível recriar a voz dele dessa forma.
Definitivamente ninguém poderia cantar a parte do Jimmy! Sem ele nunca mais poderíamos tocar músicas como Critical Acclaim ou Little Piece of Heaven! É muito especial para os fãs poderem sentir a presença dele. Eles podem se lembrar dele durante os shows ouvindo sua voz. Muitos fãs apontam para o céu com um sorriso no rosto…é muito legal

 

PARTE 2:

Você disse que vê sorrisos, mas deve haver tristeza também…?
M: Não, podemos ver que eles se animam em ouvir a voz dele. É como se eles celebrassem sua vida. Vejo muitas lágrimas com So Far Away, mas os fãs parecem confortados quando a voz dele surge em Critical Acclaim e Afterlife, eu posso ver do palco. É reconfortante ouvir a voz dele ao invés de ver outra pessoa cantar isso, ou ninguém. O show é um lugar para celebrar e ouvir a voz dele. É também onde apresentamos nossas músicas pela primeira vez, para que possa ser algo emocional. A primeira vez que você nos vê sem o Jimmy é agora, e só essa é a primeira vez. (risos) De qualquer forma, tudo se resume ao rock e a se divertir.

Vocês fizeram um show em Irvine em 17 de setembro, a parada mais próxima de sua cidade natal. Como foi?
M: Bem…foi meio complicado…comparado com outros shows. (risada sem graça) Muitos amigos e familiares disseram que queriam ver o show…é meio irritante…muitos amigos não entendem que fazemos isso todas as noites. Então eles nos pedem para dar uma festa ou sair com eles depois do show já que estamos em casa depois de tanto tempo…mas a turnê irá continuar para nós e teremos muitas coisas para fazer, como falar com a imprensa, então não podemos sair e encher a cara depois dos shows. Temos que nos preparar para o dia seguinte ao show. Então, o show em nossa cidade natal foi louco. Nossos velhos amigos, que não tem idéia de o quão ocupados nós somos, apareceram…mas os pais e a família do Jimmy apareceram também e foi especial, Mike conheceu a família do Jimmy. Nossos familiares e amigos que conheciam o Jimmy muito bem vieram e foi bem emocionante já que era a primeira vez que nos viam tocar sem ele. Acho que eles foram lembrados da realidade ao nos verem tocando sem o Jimmy.

Como a família do Jimmy reagiu?
M: Eles gostaram. Ao mesmo tempo, era muito triste, mas eles nos disseram várias vezes que queriam que fossemos felizes. Todo mundo sabe que não existe ninguém que possa substituir o Jimmy. Nossos amigos, os amigos dele e meus pais foram lembrados do triste fato de que subiremos ao palco sem o Jimmy todas as noites. Eles o conheceram tanto quanto nós, então, é tão difícil pra eles quanto é pra gente. Meus pais, que me criaram, viram Jimmy durante dezoito anos. O palco sem o Jimmy parece de alguma forma estranho para eles e para qualquer um.

Mike toca seguindo os padrões originais do Jimmy? Ou ele toca como ele mesmo?
M: Mike faz o papel do Jimmy, somente ele poderia tocar a bateria de músicas populares que o público está esperando, como “Beast And The Harlot”, é quase igual ao que Jimmy fazia. Em algumas músicas novas Mike toca como ele mesmo e isso é bem divertido. Mike assistiu nosso DVD ao vivo e outros vídeos para estudar como o Jimmy tocava, como era o estilo dele, e recria isso acrescentando seu próprio gosto.

Vocês em algum momento dão ao Mike alguma instrução quanto à bateria?
M: Sim. Queremos uma sonoridade específica em certas músicas, então dizemos isso a ele, se não for o caso, pedimos para ele tocar livremente e ele faz o que quiser. Não temos nenhuma intenção de limitá-lo dizendo “você tem que tocar isso ou aquilo”, mas se o jeito que ele estiver tocando for diferente do que precisamos, nós dizemos isso a ele. Se ele quer editar uma parte não muito importante de uma música nós deixamos, mas se aquela parte tem um significado importante para nós, dizemos a ele claramente o que fazer.